O mercado de trabalho e as novas competências profissionais

Este artigo se propõe a analisar a situação atual e as perspectivas futuras nas relações de trabalho tanto do ponto de vista do empresário como do lado do colaborador.

Para tanto discorremos os seguintes pontos para análise e reflexão:

1 – A economia brasileira terá uma retomada lenta face o ambiente interno confuso do ponto de vista político e econômico e o ambiente externo (USA, Ásia e Europa) com sinais evidentes de recessão, nível de desemprego alto e possível pressão dos agentes econômicos em defesa dos interesses internos de cada país. Exemplos:

  • Fabricação, distribuição e preço da futura vacina contra a Covid 19;
  • Compras de equipamentos de proteção individual e respiradores;
  • Comércio de produtos agropecuários visando proteger os produtores locais.

2 – O grande avanço tecnológico/digital do comércio e da prestação de serviços on-line, somando-se ao crescimento das plataformas eletrônicas, suportando os trabalhos técnicos especializados de maneira remota, como exemplo o home office definirão a política estratégica das grandes corporações.

3 – As alternativas da legislação trabalhista no Brasil possibilitando:

  • Jornada de trabalho flexível;
  • Trabalho intermitente;
  • Home Office;
  • Redução de jornada e do salário.

Essas opções acima deverão nortear as novas políticas de gestão dos recursos humanos, no sentido de conciliar o trabalho presencial com o trabalho à distância.

4 – As pesquisas mais recentes apontam que as empresas já estão discutindo e analisando novas formas nas relações de trabalho, verificando os aspectos financeiros, custos da mão de obra, produtividade e engajamento dos colaboradores. Faz-se necessário adotar um novo código de conduta ética pelas empresas no sentido de regulamentar o trabalho a distância.

 

Qual seriam então as tendências empresariais no curto e médio prazo?

Listamos abaixo, as ações e procedimentos mais promissores:

  1. Redução dos espaços físicos dos escritórios e demais instalações industriais, com respectiva redução dos valores de aluguéis, condomínios, manutenção, segurança e limpeza e nos insumos/custos fixos, como energia, água, café, material e equipamentos de escritório e etc.
  2. Redução dos custos da folha de pagamento, como a concessão do vale transporte/refeição, apólice do seguro de vida, adicionais de insalubridade, periculosidade, noturno e horas extras.
  3. Redução dos índices de absentismo (faltas e atrasos) e acidentes de percurso (trânsito) gerando menos afastamentos previdenciários.
  4. Maior investimento nos treinamentos voltados para a tecnologia da informação (plataformas digitais), com o objetivo de melhorar a qualidade e velocidade do teletrabalho, gerando menos custos para a empresa.
  5. Incremento na prevenção da saúde e na segurança do trabalho “em casa” dos colaboradores quanto à higiene e acidentes domésticos. Nesse caso os profissionais da segurança e medicina do trabalho deverão analisar o PPRA e o PCMSO da empresa no sentido de readaptá-los à nova realidade organizacional do trabalho.

Caberá uma análise e discussão do papel da CIPA e responsabilidades dos cipeiros quanto à sua atuação legal.

  1. Aumento das tarefas desenvolvidas pelas pessoas com deficiência – PCD, devido a não necessidade de locomoção à empresa.
  2. Aprimorar os controles das tarefas desenvolvidas pelos empregados em Home Office fornecendo maior suporte tecnológico para os mesmos, no tocante a aquisição de computador, celular e maior potência da Internet.
  3. Redução dos custos com viagens a serviço e treinamento, com a maior utilização das videoconferências e outras ferramentas de comunicação.
  4. Maior terceirização das atividades administrativas das áreas de pessoal, relações sindicais e segurança do trabalho.

E o colaborador?  Quais seriam as possíveis vantagens nesse novo cenário das relações de trabalho? Podemos destacar:

  • Melhoria da qualidade de vida, com menos stress nos deslocamentos à empresa, possibilidade de desenvolver atividades físicas aproveitando o tempo “em casa”, maior segurança pessoal com menos exposição externa (transporte);
  • Maior convívio familiar e acompanhamento da educação dos filhos;
  • Maior responsabilidade no tocante ao cumprimento da jornada de trabalho e o cumprimento dos prazos de entrega dos compromissos laborais.

E as novas competências profissionais?

Acreditamos que haverá maior “cobrança” em alguns quesitos anteriormente adotados como:

  1. As habilidades cognitivas deverão ser mais exigidas e valorizadas nos processos admissionais e de avaliação de desempenho.
  • Autodidatismo;
  • Criatividade e inovação tecnológica visando apropriação rápida dos avanços no campo digital;
  • Maior planejamento, organização e disciplina individual para obter ganhos de produtividade no trabalho em home office e mesmo na jornada flexível;
  • A comunicação entre colaborador e gestor terá que ser aprimorada quanto à qualidade e frequência;
  • Empatia e resiliência serão fatores constantes nas relações de trabalho.
  1. As habilidades técnicas/especializadas deverão passar pelo maior investimento em treinamento visando maior qualidade dos serviços prestados, pois os gestores deverão “cobrar” mais pela entrega dos trabalhos com eficiência, eficácia e efetividade.
  2. Os gestores deverão exigir maior cuidado com a saúde física e mental dos colaboradores, nos exames médicos periódicos e orientação da dieta alimentar.
  3. As habilidades emocionais/inteligência emocional deverão estar mais presentes no cotidiano das pessoas, exigindo-se  bom senso, equilíbrio e empatia na tomada de decisões.

O assunto com certeza não se esgota, pois o presente nós conhecemos  mas o futuro ficou muito mais incerto e imprevisível haja vista que as consequências da pandemia não serão apenas na saúde pública, mas também na saúde  econômica e financeira das empresas, nos índices de desemprego, nas perspectivas de crescimento profissional dos trabalhadores.

Vários questionamentos ficam sem respostas no momento presente:

1 – Como serão os novos desenhos organizacionais, os novos comportamentos esperados dos colaboradores e os requisitos de contratação?

2 – O emprego formal vai se manter nos níveis atuais ou a tendência será o trabalho informal, autônomo e o empreendedorismo?

3 – Como conciliar o trabalho feminino “em casa” com as responsabilidades domésticas da colaboradora?

4 – Os protocolos e controles administrativos deverão ser os mesmos?

5 – A gestão da liderança, sem a presença física dos colaboradores, na obtenção da produtividade, eficiência e eficácia da sua equipe de trabalho deverá ser reinventada?

6 – Os critérios de avaliação de desempenho e ascensão na carreira serão os mesmos?

7 – Como fica a atuação sindical e a fiscalização federal nos contratos de trabalho remoto?

São, portanto, algumas dúvidas e questionamentos que deverão nortear a futura gestão dos recursos humanos nesse “novo normal” empresarial.

Boa análise e discussão!

 

Autor: Prof. Me. José Roberto Fernandes

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